Do barro à cerâmica
O barro.
Sentir a matéria fria e suave nas mãos. Envolve-lo com os movimentos livres das mãos e vai ganhando sentido a peça em que ele se poderá transformar.
É o processo da transformação do barro em forma. O lidar com o tempo que o processo de criação exige e a tolerância de aceitar no que o tempo transforma. É sentir a sua plasticidade e transformar, depois com o barro a endurecer consolidar a forma, a secagem onde tanto pode acontecer e finalmente a cozedura onde o barro se transforma em cerâmica
A Cozedura do barro modelado é um processo alquímico onde todos os elementos presentes, terra do barro, o ar, a agúa e o fogo se combinam em subidas lentas de temperatura, até à transformação do barro, matéria frágil e modelável, em cerâmica, material duro e resistente ao tempo e intempéries.
Na cozedura existe toda a surpresa do resultado, nesta fase se terá a felicidade da peça resistir inteira ou lidar com a frustração de fissuras, rachadelas ou ainda pior quando se fratura e transforma em cacos.
Estes são apenas algumas ilustrações das várias etapas que envolvem a construção de uma peça de cerâmica.
Mas mais importante do que o resultado final bem sucedido com a peça é todo o seu caminho de construção e transformação. Entender o quanto as suas etapas nos provocam e causam reações: o estímulo da nossa criatividade, lidar com a nossa insegurança, frustração e aceitação os defeitos como rachadelas os facturas e a partir dai desenvolver opções para resolver os incidentes que podem ocorrer.
Muitos são os benefícios de se trabalhar com o barro, assim como todas as linguagens artísticas com muitos benefícios físicos e emocionais.
Mesmo numa atitude “distraída”, ninguém passa “ileso” no processo do barro à cerâmica.
Ao modelar uma peça em barro, cada um se está modelando a si mesmo.
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